Colóquio A Poesia de Manuel António Pina: "uma vida sem a si mesma se saber"
08 de Novembro, das 18h às 21h, EFLCH-UNIFESP, Sala 218 (Guarulhos)
entrada livre — inscrição prévia no site
Sessão 01
18h
Mediação de Paola Poma (USP) e Leonardo Gandolfi (UNIFESP)
Aline Erthal (UFRJ)
Morrer, e depois? – a partilha do impartilhável
Há 40 anos, Manuel António Pina publicava Aquele que quer morrer, seu segundo livro. O volume veio à luz no mesmo ano do falecimento de Ruy Belo, poeta que tantas vezes cantou o desejo pela morte e que foi uma das maiores referências assumidas por Pina para sua escrita. Ambos dedicaram diversos de seus textos a, mais do que tematizar a morte, performá-la. Em poemas como "Farewell Happy Fields", "It's all right, ma...", "Vat 69", "Fala de um homem afogado ao largo da Senhora da Guia no dia 31 de Agosto de 1971", falam-nos vozes post mortem ou em pleno esvaimento, a contar-nos, aos vivos (?), sobre as sensações da passagem, sobre o que fica ou não fica. Guiados sobretudo pela leitura de versos de Pina que giram à roda do instante fatal, partilharemos a morte com outros poetas de língua portuguesa, como Camilo Pessanha, Jorge de Sena, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e o já mencionado Ruy Belo.
Paloma Roriz (UFF)
Por um pensamento de infância em Manuel António Pina: alguns deslizamentos
É indo até a produção infantojuvenil de Manuel António Pina que encontramos, em seu livro O País das Pessoas de Pernas para o Ar, com o irônico título para uma publicação no ano de 1973, em Portugal, um grupo de histórias ao qual Osvaldo Silvestre irá se referir como “um dos grandes momentos da tradição blasfema da literatura portuguesa no século XX, tradição lançada pelo poema VIII do ‘Guardador de Rebanhos’, de Caeiro, que Pina explicitamente cita na primeira história, ‘O menino Jesus não quer ser Deus’”. Teríamos então ali, segundo Silvestre, uma “brevíssima joia blasfema”, para a qual o leitor, na época, pela falta de condições sociais e históricas, não estaria preparado, dado o seu grau de estranheza. Talvez este seja um bom exemplo para pensarmos em que medida alguns procedimentos textuais presentes na produção poética de Manuel António Pina articulariam em sua feitura uma imagética conceitualmente controvertida de infância: não apenas atrelada a um entendimento previamente domesticado de retorno idílico a um tempo primordial e idealizado, na esteira de uma concepção romântica de poesia como experiência original e autêntica de mundo, o que de alguma forma responderia a um modo de leitura de certa tradição de modernidade, mas antes como estratégia particular de uso e desmontagem do literário, algo de clown, de infância que se modula, como forma desordenada e crítica de contato e diálogo da obra do autor com outras vozes da poesia portuguesa, em suas inflexões de abertura, reinscrição, anacronismo e deslocamento.
Mariana Tavares (UNICAMP)
Manuel António Pina: memórias entre palavras e imagens
No livro Como se desenha uma casa (2011), Manuel António Pina aprofunda a discussão que estabelece em toda sua obra sobre os limites da representação. O poeta evoca pares como a ilustradora Júlia Landolt e transforma o poeta Alberto Caeiro em Alberto Carneiro, colocando-o em um ateliê; nosso objetivo é mostrar que essa estratégia de “tornar a palavra plástica” desenvolve a relação entre palavra e imagem, é um processo que constrói a forma poética desse livro e favorece o conteúdo que fala sobre o passado.
Sessão 02
20h
Poetas leitores de Manuel António Pina: Vai pois, poema, procura/a voz literal
Depoimentos de:
. Tarso de Melo
. Danilo Bueno
. Gustavo Santana de Sena